A instalação elétrica é uma etapa da obra quando surgem várias dúvidas e requer muito cuidado, pois está relacionada à eletricidade. Mas nada como um bom engenheiro e um eletricista experiente para deixar tudo funcionando como deve. Mesmo assim, é importante o dono do imóvel entender os conceitos básicos para gerenciar este serviço e evitar dores de cabeça no futuro.
Se você não tem ideia de como funciona uma instalação elétrica, não se preocupe. Nessa etapa 8 da série Hora de Construir, feita pela ITV Urbanismo para ajudar você durante a construção de sua casa, vai explicar o que é um projeto elétrico e os conceitos básicos de uma instalação elétrica ideal. Só não vai fazer isso sozinho e colocar sua vida em risco.
O projeto elétrico é um projeto complementar ao arquitetônico e deve ser feito lá no início, durante a planta da casa. Ele define em quais locais serão instalados os pontos de iluminação, as tubulações, as tomadas, os interruptores, os disjuntores etc.. Com ele, é importante fazer ainda um projeto luminotécnico, para oferecer soluções personalizadas de iluminação. Depois, tudo deve ser checado e compatibilizado com o projeto de arquitetura.
Antes de tudo, o engenheiro ou arquiteto precisam ser informados da quantidade de moradores e quais serão os eletrônicos usados em cada cômodo da casa, inclusive aqueles previstos para o futuro. Por exemplo, se o quarto for usado também como um escritório ou por duas pessoas, as necessidades serão diferentes.
Portanto, a previsão de cargas se baseia na análise de cada ambiente e nas necessidades das pessoas que utilizarão o espaço, bem como a quantidade de aparelhos.
A execução desse projeto em imóveis residenciais é regulamentada pela norma 5410 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Entre as várias determinações, é recomendável, por exemplo, um ponto de tomada a cada 3,5 m em cozinhas, copas, áreas de serviço e lavanderias, sendo que acima da bancada da pia devem ter no mínimo duas tomadas. Como vê, vale a pena ler essa norma com mais atenção.
Um dos erros mais comuns é ligar em um só disjuntor vários circuitos elétricos. Cada cômodo da casa, principalmente os que usam muitos equipamentos, como cozinha e área de serviço, precisa de um circuito elétrico, e cada um deles deve ser ligado a um disjuntor exclusivo e o sistema, por sua vez, ligado a um disjuntor geral no quadro de distribuição.
A norma 5410 aconselha ainda que os circuitos sejam separados em circuitos de iluminação, para tomadas de uso geral (TUG) e para tomadas de uso específico (TUE), como aquelas ligadas apenas a um único aparelho de alta potência, como chuveiros, torneiras elétricas, forno, geladeira, ar-condicionado, que, sozinhos, apresentam carga suficiente para um circuito.
Se colocados em um mesmo circuito de iluminação ou em tomadas de uso geral, toda vez que esses aparelhos forem usados vão sobrecarregar o sistema e podem gerar vários problemas, como queima de aparelhos, gasto excessivo de energia, curto-circuito e até incêndios.
Outro erro recorrente é a compra de fios e cabos que não atendem as normas técnicas e não têm certificação. Estes podem também causar curto-circuito, incêndios e choque elétricos, pois têm menos material do que o recomendado. Fique de olho, pois algumas marcas têm certificações falsas, por isso, o ideal é adquirir produtos e materiais de marcas reconhecidas no mercado.
Uma etapa importante ainda dentro do projeto elétrico, lá no início, é decidir onde vão os dutos de energia, que são aqueles tubos que abrigam a fiação e ficam dentro das paredes, no texto ou no piso. Em alguns casos, eles podem também ser externos. Virou até uma tendência de decoração nos últimos anos.
Esses dutos de energia não devem ser sobrepostos e é importante que estejam presentes na quantidade adequada para que os condutores não fiquem acumulados e ocorra aquecimento e acidentes. A norma 5410 define que esses condutores devem ocupar, no máximo, 40% da área interna de um eletroduto.
Para que o disjuntor proteja o circuito, é importante ainda que sua capacidade seja compatível com a capacidade dos condutores. Se o disjuntor tiver carga muito acima dos condutores, caso ocorra um curto-circuito ou uma sobrecarga, o disjuntor não será acionado e o circuito continuará funcionando, quando o processo deveria ser interrompido.
Ligação elétrica
A ligação elétrica começa por um padrão de alimentação, definido pela concessionária da cidade e fornecido pelo proprietário do lote, que deve adquiri-lo em lojas especializadas.
Este padrão é ligado ao medidor de energia localizado lá na frente da casa, em um lugar visível para fazer a leitura mensal, que por sua vez, é ligado ao quadro de distribuição, aquele que fica dentro da sua casa.
Do quadro de distribuição saem os circuitos elétricos, os disjuntores diferenciais residuais e gerais e os demais dispositivos. Nesse quadro de distribuição, estão ainda os condutores fase, retorno, neutro e terra. A forma de ligação desses condutores dependerá do tipo de ligação — monofásica, bifásica ou trifásica, e do tipo de circuito — iluminação, uso geral ou uso específico.
O neutro é um condutor sem tensão. Já a fase é um condutor com tensão ou diferença de potência, que pode ser de 127 volts ou de 220 volts. O retorno é um condutor utilizado nas instalações de iluminação e liga o ponto de luz à tomada, e o fio terra, também conhecido como condutor de proteção, é ligado a hastes colocadas na terra e acompanha todos os circuitos e alguns equipamentos.
A norma 5410 diz que esse sistema de aterramento é obrigatório em uma casa, pois por meio dele as descargas elétricas terão um caminho seguro, protegendo, assim, os moradores contra choques elétricos e os equipamentos e instalações contra queimas.
Por esses motivos, o fio terra deve ser instalado em todos os circuitos e os equipamentos, como máquinas de lavar roupa, chuveiros e outros itens de ambientes com maior umidade devem ainda ter aterramento individual.
No próximo passo, vamos falar sobre pintura interna e externa, com a utilização de selador, massa corrida, lixa, tinta e muito mais. Até lá.