Comprar o lote e construir pode ficar 40% mais barato, mas é preciso ter experiência


Com a crise econômica ainda em alta no Brasil, a população tem optado por financiar o lote e administrar a obra da casa própria, com uma economia entre 30% e 40% se comparada ao valor de um imóvel pronto. Um custo considerável. Mas para quem não tem afinidade com o canteiro de obras, outra opção é buscar a ajuda de pequenas construtoras, responsáveis, na atualidade, por movimentar o mercado da construção civil, correspondendo a cerca de 50% dos clientes das loteadoras, segundo estimativa feita pelo departamento de desenvolvimento urbano da ITV Urbanismo.

Comprar o lote e construir pode ficar 40% mais barato, mas é preciso ter experiência

A primeira dica de quem se aventurou em um canteiro de obras por conta própria, de profissionais da área que administram o trabalho dos pedreiros, como arquitetos e engenheiros, e dos próprios construtores e loteadores, é não ter pressa, principalmente na fase de planejamento do projeto de arquitetura e engenharia, para evitar dor de cabeça e gastos indesejados no futuro. Por isso, a decisão de gerenciar a obra sozinho nunca deve ser tomada levando-se em consideração somente o custo.

Quem lida no dia-a-dia com esse trabalho garante que experiência na área evita atrasos, falhas construtivas e refações. “O mercado hoje está em expansão e o povo passou a acreditar mais no País. O nosso cliente é o construtor e o que tem o sonho da casa própria. A pessoa que compra o lote e procura o arquiteto ou engenheiro vai ter a casa que sempre quis. Uma forma de economizar é fazer por etapas e se mudar, economizando com isso aluguel. Depois, com o tempo, pode completar a obra”, disse Mauro de Freitas Pereira, o engenheiro civil e presidente da ITV Urbanismo.

Para Caio Portugal, vice-presidente de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Sindicato da Habitação (Secovi-SP) e presidente da Associação das Empresas de Loteamento e Desenvolvimento Urbano (Aelo-SP), comprar um lote e construir traz enormes vantagens financeiras para o consumidor se comparado a comprar uma casa pronta. Além de ficar mais barato, segundo Portugal, o consumidor vai morar em um local personalizado, feito para atender as necessidades de toda a família. “A única desvantagem é que o processo de construção exigirá do consumidor planejamento, disciplina e gestão, mas para isso há uma gama de profissionais liberais ou pequenas empresas que poderão auxiliar na construção da casa dos seus sonhos”, afirmou Portugal.

Segundo o presidente da Aelo do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba (Aelo-TAP) e CEO da ITV Urbanismo, José Eduardo Ferreira, com o avanço da tecnologia e a inovação na área da construção civil, foi possível baratear o custo da obra da casa própria, aumentando a produtividade e reduzindo o tempo gasto, os riscos de problemas estruturais no imóvel e desperdícios de material.  “A aplicação correta dos conceitos de engenharia civil e da arquitetura faz com que o gasto para se fazer uma casa própria diminua e a qualidade aumente”, afirmou Ferreira.

A empresária Lorrayne Ribeiro garante que já recebeu uma proposta de 50% do valor investido na casa que ela e o marido construíram, em um lote financiado no bairro Vida Nova, na zona leste de Uberlândia (MG), desenvolvido pela ITV Urbanismo. Ela financiou o terreno há 2 anos, direto com a ITV, na época por R$ 110 mil, e construiu a casa com R$ 130 mil, comprando o material de construção aos poucos. Depois do projeto entregue pelo arquiteto, eles contrataram um pedreiro de confiança e era o tempo dele acabar o serviço, para o casal terminar de pagar as faturas do cartão de crédito e fazer nova compra. Hoje, na casa com direito até a piscina e em obras de ampliação para ganhar uma varanda, Lorrayne já recebeu proposta de R$ 360 mil, o que lhe garantiria um lucro livre de R$ 120 mil, além da quitação do terreno. “Compensa demais construir, porque fiz a casa do jeitinho que eu queria, com o material que eu escolhi. Se eu tivesse dinheiro para comprar o material de construção à vista na época, meu lucro seria ainda maior. Em um ano, acabei a obra, sem dever nada, a não ser as parcelas do lote”, afirmou a empresária.

É o que fez o analista de segurança Ronaldo Guilhermino. Já com a experiência ter feito duas casas por conta própria anteriormente e, depois de vender um imóvel e ter dinheiro em mãos, ele consegue bons descontos em material de construção para uma nova obra, que ele mesmo administra de longe, pois mora em Piracicaba (SP), a pouco mais de 100 km da futura casa própria, no condomínio fechado Ecologie, em Itatiba (SP), também idealizado pela ITV Urbanismo. Guilhermino orça o material em várias cidades da região pela internet e consegue visitar a construção nos fins de semana, além de contar com o acompanhamento técnico de um arquiteto para verificar se tudo está sendo feito de acordo com o projeto.  “Quando você tem dinheiro em mãos e compra em grande quantidade, a loja te trata diferente. Primeiro, é importante ter um bom projeto arquitetônico e perder muito tempo com ele. Eu fiquei uns três meses estudando o projeto com o arquiteto. Depois, tem que pensar nas suas prioridades. Talvez você não precise de três suítes na sua casa. Seus filhos podem usar o mesmo banheiro. Um banheiro encarece a obra em uns R$ 20 mil”, disse o analista de segurança.

Profissionais ajudam ainda a reduzir tempo e entulho

O inspetor chefe do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG), Michel Sinclair Rodrigues, afirma que contar com um profissional habilitado para planejar todas as fases da construção pode representar 30% de economia de tempo. Ou seja, quem tem urgência da casa própria para morar pode reduzir um ano de obra a 4 meses, por exemplo.  A contratação técnica, além de obrigatória por lei, representa de 3% a 5% do valor total de uma obra. Em uma casa onde foram gastos, por exemplo, R$ 100 mil, o projeto arquitetônico ou de engenharia gira em torno de R$ 3 mil a R$ 5 mil. “É um custo irrisório pelo risco que eu estou correndo se fizer uma obra sem projeto. São vidas humanas que vão morar ali dentro. O profissional habilitado te dá a averbação e o resguardo jurídico”, disse o inspetor do Crea-MG.

Segundo o arquiteto Bernando Telles, para se construir por conta própria, o ideal é contratar o serviço de um engenheiro civil e de um arquiteto, mas legalmente é possível fazer com apenas um desses profissionais. Enquanto o engenheiro é responsável pelo cálculo estrutural, definindo o tipo de fundação, as redes de instalação elétrica e hidráulica, entre outros, o arquiteto pensa nos espaços de acordo com a funcionalidade, o conforto e a estética. “É muito importante também ter uma mão de obra de qualidade, com um pedreiro capacitado, senão não adianta ter um bom projeto. E se a pessoa não tiver tempo ou experiência, o melhor é contratar alguém para administrar. Eu administro obras, obviamente cobro a mais, além do projeto, mas garanto que tudo vai ficar como o cliente quer”, disse o arquiteto.

Outra forma de se economizar, segundo Telles, é escolher o material de construção adequado. Na casa de Ronaldo Guilhermino, por exemplo, projetada pelo arquiteto, foram usados blocos de concreto. À primeira vista, pode ser mais caro do que tijolos comuns, mas além de dispensarem acabamento e pintura, evitam o quebra-quebra na hora de passar fios e canos, reduzindo o desperdício e o entulho. “Com um bom arquiteto, você tem pouco desperdício, porque ele sabe a quantidade de material que você vai usar no projeto. Na hora da comprar do material, isso é importante, porque compra tudo de uma vez e consegue melhor preço”, afirmou o dono da casa.

 


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